O melhor modelo de negócios

Os cinco pecados capitais das contratações
Aqui figura a lista dos cinco erros mais comuns na hora de contratar um jogador por somas vultosas. O primeiro deles consiste em “pagar muito caro por um jogador ainda jovem, isto é, por alguém que ainda é uma aposta no futuro”. 

Um exemplo disso é a contratação do actual guarda-redes do Juventus, Gianluigi Buffon. No momento em que foi comprado, ele havia jogado poucas temporadas, tinha apenas 23 anos, não havia marcado golos em campos do exterior porque, além do mais, era guarda-redes, e a posição da equipa que o estava comprando na temporada passada era muito ruim. Mesmo assim, o jogador foi comprado por 54,1 milhões de euros, uma quantia exorbitante em se tratando de um guarda-redes.

Nesse ponto, devemos fazer uma referência à metodologia empregada na contratação de jogadores. O maior problema é que o evento acaba por se transformar em leilão. “Às vezes, você paga caro por um jogador jovem porque os clubes entram em disputa. Se o clube que o está vendendo tem bom desempenho   e age com inteligência, e sabe como manipular suas fichas, saberá como seduzir vários clubes fortes. Se o primeiro clube a participar do leilão faz uma oferta de compra de um avançado por cinco milhões de euros, suas expectativas são de que o preço acabe sendo multiplicado por três ou por quatro, porque são tantos os intermediários e tanta gente que esconde informação que o preço acaba inflacionando.” Some-se a isso a pressão dos meios de comunicação que, tradicionalmente, são os que fazem recomendações sobre qual jogador um determinado clube precisa, ou então criam polémicas às vezes pouco fundamentadas em que criticam um ou outro clube por ter deixado escapar um certo jogador.

O segundo erro consiste em “vender barato quando o jogador tem fama internacional”. Um exemplo clássico é o caso de Michael Owen, premiado com a bola de ouro, ele foi vendido pelo Liverpool para o Real Madrid por doze milhões de euros apenas. Pouco mais de um ano depois, sem ter sucesso na Espanha, o Real Madrid vendeu-o por 25 milhões de euros.

Observamos que “quando as variáveis mais ou menos determinantes do preço não são levadas em conta na hora da venda, isto significa que o jogador quer sair do clube e você é obrigado a vendê-lo barato porque não se deu conta de que o ciclo de vida do jogador estava se esgotando”. Estamos estipulando aqui uma hipótese, “de que é difícil manter as grandes estrelas nos clubes por mais de três ou quatro anos”. Esse tipo de jogador “precisa de desafios novos, ambientes novos, portanto os clubes têm de estar atentos a isso quando compram ou vendem”. Se a saída de um jogador não é bem administrada, “o preço baixa rapidamente porque não há muitos  lugares (clubes) para onde esse tipo de jogador possa ir”.

Por isso, outro erro muito comum é a ”pressa em vender”. Foi o que aconteceu com David Beckham. O jogador quis sair do Manchester devido a supostos desentendimentos com o treinador, sir Alex Ferguson, e com isso o clube obteve apenas 25 milhões de euros do Real Madrid — que ganhou muito dinheiro com Beckham graças à atenção que ele despertava na comunicação social. Classificamos assim a chegada do inglês ao Real Madrid como o “efeito de maior impacto na conta de resultados do clube”.

O ciclo de Beckham terminou no Real Madrid porque ele não pensava mais em jogar em equipas da primeira divisão, já que está preocupado com outras coisas. “Sua saída será sentida. Quando o Manchester o vendeu, embolsou 25 milhões de euros, e agora Beckham sai de graça.” Não souberam administrar a situação, e tornamos a insistir que “se o clube não souber preservar esse tipo de jogador, em quatro anos ele se vai”. Foi o que aconteceu também com Ronaldo, que foi contratado pelo Real Madrid por 45 milhões de euros e foi vendido por menos de seis. “O Milan estava à sua espera... o Real Madrid deveria refletir sobre a forma como essa venda foi administrada.”

Também não se deve demonstrar que há dinheiro em caixa para ir às compras, “quando a negociação envolve muito dinheiro, o desfecho é negativo”. Foi o que aconteceu com o Barcelona depois da venda de Luis Figo por 60 milhões de euros. A existência de todo esse dinheiro em caixa pode ter disparado o preço das contratações de Cristanval (17 milhões de euros), Saviola (35,9), Petit (15), Overmars (40), Geovani (21), Gerard (24) e Alfonso (10,5). “A pressão decorrente da existência de tanto dinheiro em caixa pode levar a decisões rápidas para que se mantenha a ilusão dos adeptos depois da saída de um ídolo”.

O quinto erro mais comum consiste em “não gastar com olheiros”, o que pode resultar no desembolso de 50 milhões de euros por um jogador como o argentino Hernán Crespo, cujo valor foi super-estimado. Esse preço caiu para metade em apenas dois anos. Actualmente, procuram-se talentos de dez ou onze anos, mas essa não é uma boa política porque a pressão económica e desportiva pode impedir que as melhores promessas não cheguem a vingar. O aspecto que mais se sobressai no jogador é o emocional. Criar um clima artificial não dá resultado”. Por isso, é recomendado gastar mais na estrutura eclética dos clubes e não tanto com jogadores.

Contudo, entre tantos erros, o modelo de negócio mais rentável é o dos clubes ingleses. Os adeptos gastam muito com o clube, por isso, das 20 equipas com maior volume de receitas, oito delas são inglesas.

Os espanhóis vão bem individualmente. Os dois clubes com maiores receitas na Europa são o Real Madrid, com 292 milhões de euros, e o Barcelona, com 259. As grandes equipas espanholas negociam os direitos de transmissão de TV em separado assim como as equipas portuguesas dos demais clubes dos respectivos países, por essa razão as receitas da liga espanhola e da liga portuguesa, no seu conjunto, encontram-se muito atrás das de outras ligas europeias.

O Real Madrid factura, “só” com produtos comerciais, 125 milhões de euros. Outras fontes de receitas são as assinaturas, os patrocinadores e os referidos direitos de transmissão de TV. Estes últimos proporcionam receitas fixas, e por isso, não importa muito se os resultados obtidos em campo não forem tão significativos. Contudo, “muitos patrocinadores investiam porque ali estão figuras do porte de Cristiano Ronaldo, Casillas, Gareth Bale. No momento em que o Real Madrid tiver de renegociar o patrocínio é que se verá de fato a força da marca.”

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